A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO EMOCIONAL NAS PRELEÇÕES
A evolução de disciplinas atreladas à preparação esportiva, focadas em diferentes aspectos dos atletas, criou profissionais muito mais preparados do que os do século passado. Isso gerou uma busca por diferenciais competitivos e aumentou o valor conferido ao aspecto emocional. E se a questão psicológica possui importância decisiva na edificação do desempenho nas partidas, a preleção é um momento de papel fundamental nesse processo.
Não é raro treinadores e jogadores falarem sobre o quanto se emocionaram nas preleções de partidas importantes. Os recursos para isso variam muito, de vídeos com imagens de conquistas ou declarações de parentes a conversas cheias de apelos à situação pessoal de cada atleta.
Quando era técnico do Palmeiras, Tite ficou marcado por uma declaração do atacante Edmundo. “Com as coisas que ele fala, é impossível não entrarmos totalmente motivados em campo”, disse o jogador, que admitiu ter chorado em preleções do comandante.
Paulo Autuori também apelou ao lado emocional nas preleções do São Paulo durante o Mundial de 2005, conquistado pela equipe paulista: “Eu procurei mostrar aos jogadores a importância daquele momento para a carreira deles e o quanto foi suado para chegarmos até ali. Eles entraram totalmente ligados e concentrados”.
A preparação emocional está longe de ser o único fator pertinente às preleções de equipes esportivas. O trabalho também deve ser permeado por informações a outras áreas, destinado a uma preparação completa da equipe para a partida em questão.
Contudo, é inegável que a parte emocional desempenha papel determinante na estruturação das preleções de equipes esportivas. “O trabalho motivacional durante as preleções é fundamental. É um momento para os atletas serem incitados a dar seu máximo, mas é necessário dosar a mão entre o racional e o emocional. O importante é sempre procurar associar aspectos psicológicos com o que foi treinado durante a semana e informações”, explica o consultor esportivo Evandro Mota.
Mota lembra que uma preleção pode ter grande influência no comportamento dos atletas nas partidas: “É impressionante como o ambiente pode mudar. Em alguns casos, os jogadores entram calados no vestiário e você consegue sentir o brio deles depois das palavras do treinador. Eu confesso que em algumas dessas conversas até eu tive vontade de colocar uma chuteira e entrar em campo”.
Para uma preleção ser benéfica no processo de preparação emocional dos atletas, porém, é fundamental que ela não seja apenas tocante. Não adianta os jogadores se sentirem emocionados e chorarem se não aproveitarem esse momento para ampliar sua concentração e seu foco na importância da partida subseqüente.
“O atleta tem o direito de saber quais são os desafios que ele vai enfrentar. Isso tem que ser passado de modo que ele entenda que dentro de um jogo ele vai enfrentar vários jogos dentro do mesmo jogo. Outro ponto fundamental é que a mensagem da preleção tem que ser passada como uma tendência e não uma verdade absoluta. A preleção tem que fazer o atleta pensar e saber que o esporte é feito de surpresas”, completa Evandro Mota.
Quando não tem um foco definido e claro, a preleção pode até ser prejudicial para a preparação dos atletas. O momento é um dos principais geradores de estresse em jogadores de alto nível competitivo, sobretudo quando ultrapassa a tênue linha entre tensão e comoção.
FONTE: Mesquita on line
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